OS CINCO AGREGADOS(SKANDHAS) QUE FORMAM O EGO


Os cinco skandhas (agregados) que formam o ego


"Maior é O que está em vós do que o que está no mundo." 
(I JOÃO 4:4)

Os cinco skandas (ou 5 agregados) são:

forma (rupa - corpo)
sensação (vedana - nossos sentidos)
percepção (samjana - nosso gostar ou não gostar)
formação mental (samskara - nossos hábitos)
consciência (vijnana - nossas identidades)

Este conceito é anterior ao Budismo. Servia para justificar a existência intrínseca dos fenómenos, mas o Budismo mostra o oposto a partir deles, que nada tem uma existência intrínseca independente. Lama Padma Samten prefere olhar os skandhas como inseparáveis.


1º Skandha – Criação da Ignorância-Forma, três aspectos ou fases diferentes que podemos examinar empregando outra metáfora. Suponhamos que, no princípio, haja uma planície aberta sem montanhas nem árvores, uma terra completamente aberta, um simples deserto sem nenhuma característica especial. Eis aí como somos, o que somos. Somos simples e básicos. E, todavia, há um Sol que brilha, uma Lua que brilha, e haverá luzes e cores, a textura do deserto. Haverá alguma sensação da energia que brinca entre o Céu e a Terra. E, assim por diante, indefinidamente.

Depois, estranhamente, surge de improviso, alguém para notar tudo isso. Como se um dos grãos da areia espichasse o pescoço para fora e principiasse a olhar à sua volta. Nós somos o grão de areia, chegando a conclusão do nosso estado de separação. Este é o “Nascimento da Ignorância” em seu primeiro estágio, uma espécie de reação química. A dualidade começou.

A segunda fase da Forma-Ignorância dá-se o nome de “A Ignorância Nascida no Interior”. Tendo reparado que somos isolados, sobrevém a sensação de que sempre fomos assim. É uma inépcia, o instinto da constrangedora consciência e si mesmo.

O terceiro tipo é a “Ignorância que se Observa”, que se vigia. Há um sentido de nos vermos como objeto externo, o que conduz à primeira noção do “outro”. Estamos começando a relacionar-se com um mundo chamado “externo”. É por isso que os três estágios da ignorância constituem o Skandha da Forma-Ignorância; estamos começando a criar o mundo das formas.

2º Skandha – Sensação, como mecanismo de defesa para proteger a nossa ignorância. Desde que já ignoramos o espaço aberto, gostaríamos de sentir as qualidades do espaço sólido a fim de trazer completa satisfação à índole gananciosa que estamos desenvolvendo. Nós solidificamos todo o espaço e transformamos no “outro”.

3º Skandha – Percepção-Impulso, passamos a nos fascinar pela nossa própria criação, cores e as energias estáticas, queremos nos relacionar com elas e, dessa maneira, gradativamente, principiamos a investigá-las. São esses os três tipos de impulso: ódio, desejo e estupidez. Assim sendo, a percepção se refere à recepção de informações do mundo exterior e o impulso se refere à nossa resposta a essas informações.

4º Skandha – Conceito; A fim de proteger-nos e enganar-nos completa e adequadamente, precisamos do intelecto, da capacidade de nomear e categorizar as coisas. Assim rotulamos coisas e eventos qualificando-os “bons”, “maus”, “belos”, “feios”, etc., de acordo com o impulso que julgamos apropriados a eles. O “eu” é o produto do intelecto, o rótulo que unifica num todo o desenvolvimento desorganizado e desperso do ego.

5º Skandha – Consciência; Nesse nível se processa uma amálgama: a inteligência intuitiva do Segundo Skandha, a energia do Terceiro Skandha e a intelectualização do Quarto Skandha se misturam para produzir pensamentos e emoções. Nessas condições, no nível do Quinto Skandha, encontramos os Seis Reinos assim como padrões incontroláveis e ilógicos do pensamento discursivo.

Esse é o retrato completo do ego.

(Livro-texto: Além do materialismo Espiritual, Lama Chogyan Trungpa)



Se eu estiver segurando um copo de água e perguntar: “Este copo está vazio?”, a resposta provável será: “Não, ele está cheio de água”. Mas se eu derramar a água e repetir a pergunta, dirão: “Sim, está vazio”. Mas vazio de quê? […] Meu copo está vazio de água, mas não vazio de ar. Estar vazio é estar vazio de tudo. […]

Quando Avalokita [Avalokiteshvara, o bodhisattva da compaixão] diz que os cinco skandhas são igualmente vazios, para ajudá-lo a ser preciso, devemos perguntar: “Por favor, Avalokita, vazio de quê?”. Os cinco skandhas — que podem ser traduzidos como cinco pilhas, ou cinco agregados — são os cinco elementos que englobam um ser humano. […] Na verdade, eles são cinco rios fluindo juntos em nós: o rio da forma (que significa o nosso corpo), o rio dos sentimentos, o rio das percepções, o rio das formações mentais e o rio da consciência. Eles estão sempre fluindo dentro de nós. […]

Avalokita olhou profundamente para dentro dos cinco skandhas […] e descobriu que nenhum deles existe por si só. […] A Forma é vazia de um “eu” separado, mas está cheia de tudo o que há no cosmos. O mesmo se pode dizer dos sentimentos, percepções, formações mentais e consciência.

Thich Nhat Hanh, em “The Heart of Understanding”

Paz e Amor
Curadora64 (compilação e edição)

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