A DOUTRINA FILOSÓFICA E RELIGIOSA DO BUDISMO


 
Buda(Siddharta Gautama)
                
A DOUTRINA FILOSÓFICA E RELIGIOSA DO BUDISMO          
“Uma coisa ensinou: o sofrimento e o fim do sofrimento.
É somente a doença e  a sua cura o que proclamo."

Buda


O budismo é uma doutrina filosófica e religiosa derivada do hinduismo. Provém do sánscrito “Buddh”, que significa “acordar das trevas da ignorância para entrar na luz do conhecimento”. 
Surgiu dos ensinamentos de Siddharta Gautama, posteriormente conhecido como Buda “O Iluminado”, que nasceu na Índia no século  VI a. C. (aproximadamente no ano 563 a. C.). A “Iluminação” é a essência do ensinamento budista. Todas as suas doutrinas e práticas servem para ajudar o ser humano, homem ou mulher, a alcançar o  seu próprio potencial de Iluminação, o Nirvana.

O Budismo é uma das religiões mais importantes do mundo. De acordo com as estatísticas, o número oficial de budistas é de aproximadamente 300 milhões. Porém  não existindo igreja ou autoridade que possa dar conta da quantidade de praticantes e considerando as numerosas correntes budistas, provavelmente este valor poderia ser duas vezes maior. 

Vida do Buda

Siddartha nasceu no reino de Kapilavastu, no norte da Índia (agora Nepal), na dinastia dos Sakhyas. Era filho do rei Sudodhama e da rainha Maya Devi. Segundo o costume, Suddhodana chamou  um sábio para ver  seu filho. “Signos supernaturais indicam que este recém nascido será um grande asceta ou se converterá num grande Rei”, lhe disse o vidente.  Escutando estas palavras, Suddhodana decidiu proteger o seu filho do mundo exterior e o confinou ao palácio, onde o rodeou de prazeres e riquezas. Então aconteceu o inevitável. Apesar dos esforços de seu pai, Gautama um dia saiu do palácio.
Viu quatro coisas que mudaram a  sua vida para sempre: um ancião, um doente, um morto e um renunciante. Quando soube que as primeiras três não eram visões estranhas e sim o destino inevitável de todos os seres humanos, Siddartha se comoveu profundamente. Aos trinta anos de idade, decidiu renunciar ao luxo da vida no palácio para procurar a resposta ao problema da dor e do sofrimento humano. Se aproximou da sua esposa e do seu filho que estavam dormindo  e se despediu deles em silêncio. Posteriormente, os dois virariam seus discípulos.
Siddartha levou a cabo várias práticas espirituais para realizar o  seu verdadeiro Ser. Primeiro  encontrou  quatro ascetas que practicavam as suas disciplinas con muita intensidade. Decidiu juntar-se a eles e levar uma vida de renúncia extrema nos bosques. Porém, logo, chegou à  conclusão de que esse tipo de existência não conduziria à  paz e à  auto-realização, e sim que simplesmente debilitava a mente e o corpo. Daqui surge outro dos pontos centrais dos ensinamentos do budismo: o caminho do meio. Pela sua experiência no palácio e nos bosques, Buda concluiu que o caminho não está nem no extremo dos prazeres sensuais nem nas austeridades e  penitências.
Depois de sete anos de busca, decide sentar-se em meditação com a inquebrantável determinação de não mover-se até  compreender e realizar a verdadeira natureza do Ser. Enquanto estava em meditação profunda debaixo de uma figueira connhecida como a árvore de Bodhi (árvore da sabedoria), Gautama experimentou o grau mais elevado de consciência chamado Nirvana. Usando as suas próprias palavras : “A realidade que veio para mim é profunda e difícil de ver ou entender, porque esta além do pensamento”. A partir da sua iluminação, Siddartha Gautama ficou connhecido como Buda, "o Iluminado". 
No começo Buda procurava não falar da sua experiência: “Se tentar ensinar  esta realidade, ninguém me entenderia, pensei. Todo o trabalho e esforço não serviria de nada. Porém, logo compreendí que devia ensinar esta realidade, porque também é felicidade. Tem pessoas cuja visão está levemente nublada, e sofrem por nunca ter ouvido falar da realidade. Eles estão prontos para conhecer a verdade. Foi assim que decidí propagá-la”. 
Buda compreendeu que para alcançar o estado do Nirvana era fundamental fazer o uso correto e sagrado dos cinco sentidos, cultivando Samyak Drishti (visão sagrada), Samyak Vaak (fala sagrada), Samyak Shravanam (escuta sagrada), Samyak Bhavam (sentimentos sagrados) y Samyak Kriya (ações sagradas). Deu o seu primeiro sermão em Sarnath (perto da atual Benares, Índia) onde falou  pela primeira vez das Quatro Nobres Verdades e da Nobre Óctupla Senda. 
Quando começou a dar os seu ensinamentos , rapidamente teve muitos discípulos na Índia já que a maioria hindu tinha sido excluida  devido ao brahmanismo ritualista.  
Buda proclamou a sua mensagem durante 45 anos e estabeleceu a sua comunidade de discípulos o Sangha. Morreu com  oitenta anos de idade na lua cheia de maio o Vaisakha Poornima. Este dia de maio é o mais sagrado para os budistas, já que nele não só Buda nasceu e morreu, mas  obteve também a sua iluminação. 
Na época da sua morte, o budismo havia se convertido numa força importante na Índia. Três séculos mais tarde havia se extendido por toda a Ásia. Buda jamais disse ser uma divindade e sim um guia ou "indicador do caminho". Apesar disso, setecentos anos mais tarde, muitos seguidores de Buda começaram   adorá-lo como uma divindade.


Seus ensinamentos



 
“Vocês, que são escravos do eu,
 que lhe prestam serviço de sol a sombra,
que vivem no medo constante
de nascimento, velhice, doença e morte,
recebam as boas novas:
seu cruel dono não existe.”

Buda



A mensagem central do Buda é que todos podemos  nos libertar do sofrimento, produto da servidão aos desejos e anseios ilusórios.  Buda ensinou que a causa de todo sofrimento, físico, emocional ou existencial, incluindo o da morte, é a ignorância, o esquecimento de nossa verdadeira natureza. 
Por outro lado, Buda nos convida a não crer em nada que a gente não possa experimentar pessoalmente. O fundamento dos ensinamentos é que todos os seres tem a mesma natureza de Verdade, Amor e Beleza, e não é possível que existam alguns que estejam mais perto desta Realidade que outros. Só há uns que se dão conta e outros que não. Assim, o objetivo de toda a prática dos ensinamentos é o despertar para a nossa verdadeira realidade, para o Ser, chamado Iluminação no budismo e Liberação (moksha) no hinduismo. 

As Quatro Nobres Verdades e o Nobre Óctuplo Caminho

Este despertar não é possível sem antes desarraigar a ignorância, fonte de todo sofrimento. Logo após  ter alcançado a iluminação, Buda aconcelhou à compreender as Quatro Nobres Verdades, caminhar pelo Nobre Óctuplo Caminho e completar a prática das seis perfeições (paramitas). 

1. A primera Nobre Verdade é que a natureza da vida é sofrimento (dukkha). “Esta, oh monges, é a Nobre Verdade do Sofrimento. O nascimento é sofrimento, a velhice é sofrimento, a doença é sofrimento, a morte é sofrimento, associar-se com o indesejável é sofrimento, separar-se do desejável é sofrimento, não obter o que se deseja é sofrimento. Resumindo, os cinco agregados do apego são sofrimentos”.
2. A segunda Nobre Verdade é a Orígem do sofrimento. “Esta, oh monges, é a Nobre Verdade da Origem do Sofrimento: É o desejo que produz novos renascimentos, que acompanhado por prazer e paixão encontra sempre novo deleite, agora aqui, agora aí. Quer dizer, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo pela existência e o desejo pela não existência”.
3. A terceira Nobre Verdade é a cessação do sofrimento. “Esta, oh monges, é a Nobre Verdade da Cessação do Sofrimento. É a total extinção e cessação desse mesmo desejo, seu abandono, seu descarte, livrar-se do mesmo,  da sua no dependência”.
4. A Quarta Nobre Verdade é o Sendeiro que conduz à cessação do sofrimento. E à  experiência do Nirvana. “Esta, oh monges, é a Nobre Verdade do Sendero que conduz à Cessação do Sofrimento. Simplesmente este Óctuplo Nobre Sendero; quer dizer, Reto Entendimento, Reto Pensamento, Reta Linguagem, Reta Ação, Reta Vida, Reto Esforço, Reta Atenção e Reta Concentração”. 
O Sendero ou Caminho óctuplo compreendido na quarta Nobre Verdade também é conhecido como o Sendero do Meio, chamado assim por evitar os dois extremos, tanto a busca da felicidade através dos prazeres sensuais, como a mortificação de nós mesmos. 
Estes oito fatores ou retidões devem ser desenvolvidos  simultaneamente, já que estão estreitamente relacionados entre si e cada um contribui para o cultivo dos outros. Por sua vez, as oito retidões estão divididas em três grupos de acordo com o nível da prática: a sabedoria, a conduta ética e a disciplina mental. 
A continuação explica no que consiste cada retidão, e a qual das três categorias pertence. 
A Sabedoria
1. O Reto entendimento: é a compreensão das quatro Nobres Verdades. Também é o entendimento da lei do karma ou causalidade: as mãs ações trazem más consequências e as boas ações, boas consequências. Assim também é a compreensão da impermanência das coisas.
2. O Reto Pensamento: é pensar com desapego, amor, espírito de renúncia e não-violência. É a ausência de mã vontade  e de crueldade no pensamento.

A conduta ética
3. A Reta Palavra: dizer a verdade de forma amável. Cultivar palavras amistosas, benévolas, agradáveis, verdadeiras, doces, significativas e úteis. Abster-se de empregar formas de linguagem errôneas e perniciosas, de falar negligentemente, de mentir, difamar, caluniar ou danificar os outros.
4. A Reta Ação: é cultivar uma conduta correta e pacífica. Abster-se de matar, roubar, de levar a cabo condutas sexuais impróprias e tratos desonestos.
5. Os Retos Meios de Vida: è ganhar-se a vida de forma honesta, irrepreensível e inofensiva, evitando qualquer ocupação que possa ser nociva para outros seres viventes.
A disciplina mental
6. O Reto Esforço: Implica nos quatro siguintes esforços:
• Impedir o surgimento de pensamentos maus.
• Apartar os pensamentos maus já surgidos na mente.
• Cultivar  surgimento dos bons pensamentos.
• Manter os bons pensamentos já surgidos.
7. A Reta Atenção:
• Prestar diligente atenção ao corpo.
• Prestar diligente atenção às sensações e às emoções.
• Prestar diligente atenção às atividades da mente.
• Prestar diligente atenção às idéias, pensamentos, concepções e coisas.
8. A Reta Concentração: é a disciplina que nos conduz às quatro etapas de meditação ou absorção: 
• na primeira etapa se abandonam os desejos e pensamentos apaixonados e impuros, 
• na segunda, já estão desaparecidas as atividades mentais, se desenvolve a tranquilidade e a "fixação unificadora da mente", 
• na terceira surge a equanimidade consciente,  
• na quarta desaparecem todas as sensações, tanto de felicidade como de tristeza, de alegria e de pesar, permanecendo num estado de equanimidade e lucidez mental. 

Este Nobre Óctuplo Sendero pode ser praticado e desenvolvido por cada indivíduo, homem ou mulher. É uma disciplina corporal, verbal e mental.  Trata-se de um caminho que conduz à  compreensão da Realidade última, à  liberação, a felicidade e a paz mediante um caminho ético, espiritual e inteletual. 

As seis perfeições consistem em:

1-     Dar: inclui todas as formas de dar e ajudar.

2-     Pureza: destrói as más paixões através da observação dos preceitos: abster-se de matar, abster-se de roubar, abster-se de ter uma conduta sexual imprópria, abster-se de mentir, abster-se de consumir intoxicantes, abster-se da fala grosseira e difamatória, abster-se de cobiçar, abster-se de odiar e abster-se de ter crênças errôneas 

3-     Paciência: trata-se de praticar a tolerância para prevenir a raiva diante de atos realizados por pessoas ignorantes.

4-     Perseverança:  refere-se à realização de esforços vigorosos e enérgicos na prática do Dharma (ação correta).

5-     Meditação: reduz o diálogo interno, a confusão mental e conduz à  paz e à felicidade.

6-     Sabedoria: desenvolve o poder de discernir a realidade.

A prática destas virtudes ajuda a eliminar a avareza, a raiva e o ódio, a vida imoral, a confusão mental, a estupidez e as crênças errôneas. Junto com o nobre óctuplo sendero ensinam a alcançar o estado no qual se destroem as ilusões para conseguir a paz e a felicidade permanentes.

As três advertências de Buda:

“Nunca  viste um homem ou  uma mulher de oitenta, noventa ou cem anos, débiles, encurvados, descansando em muletas, com passos cambaleantes, dentes quebrados, de cabelos grisalhos e ralos, ou calvos? 
E nunca te ocorreu que tu também estás sujeito à deterioração e que não podes evitá-la?”

“Nunca viste uma mulher ou um homem, que estando aflitos e mortalmente enfermos, submersos em sua propria sujeira, foram levantados por alguns e levados à  cama por outros? 
E nunca te ocorreu que tu também estás sujeito à doença e tampouco poderás escapar disso?”

“Nunca viste o cadáver de um homem ou  mulher, um ou dois dias depois da sua morte, de cor azulada, e em proceso de decomposição? 
E nunca te ocurreu que tu também estás sujeito à  morte e tampouco poderás escapar disso?”

Buda e o ego


Tudo aquilo que tem princípio tem fim. Toda preocupação pelo eu é vã, o ego é como uma miragem, e todos os problemas que o tocam têm um final. Desaparecerão como um pesadelo quando o sonhador acordar. 

O eu é um erro, uma ilusão, um sonho. Abram seus olhos e acordem. Vejam a realidade tal como é  e obterão alívio.  

Aquele que está acordado nunca mais terá medo dos  pesadelos. Aquele que reconhece  a  natureza da corda que aparecia como serpente, deixa de tremer. Aquele que  descobriu que não há um “eu”,abandonará todo desejo. 

Renuncie à  disposição cobiçosa do egoismo e lograrás esse estado de mente pura que transmite perfeita paz, bondade e sabedoria.

Aquele que não conhece nem “eu” nem um “meu”, tanto a referir-se ao corpo como à  mente, aquele que não sofre pelo que não tem, esse é um bhikshu (monge). 

Buda e a verdade

A verdade é nobre e doce, a verdade pode livrar-te do mal. Não há outro salvador no mundo que a verdade. 

Tenham confiança na verdade, mesmo que de entrada  possam não compreendé-la, mesmo que suponham que a sua  doçura   é amarga, mesmo que no começo retrocedam  diante dela. Confíem na verdade.

Feliz é aquele que superou  todo egoísmo, feliz é aquele que logrou paz e feliz é aquele que encontrou a verdade. 

O eu é uma febre, uma visão transitória, um sonho. Porém a verdad é completa, sublime, eterna. No há imortalidad fora  da verdade. Porque só ela é para sempre. 

Buda e a paz


A pessoa deve buscar a paz dentro de si mesma sem depender de nenhuma outra coisa. Porque, a gente  estando no silêncio interior, o“eu” desaparece.  

Não há ondas no fundo do mar. Está quieto e imperturbável. O mesmo  acontece com uma pessoa pacífica. Ao deixar as raizes  do  eu, já não constrói orgulho nem desejo. 

Un monge pode ser muito gentil e pacífico enquanto ninguém o ataque com duras  palavras. Mas é quando  é atacado  que deve ser realmente gentil e pacífico. 

Não  te ergas como juiz de outros nem creas conhecer  os seus motivos. Podes destruir-te a ti mesmo se insistir em  manter teus juizos sobre os demais.  

Se queres livrar-te de teu inimigo, a verdadeira forma de fazer isso é dar-te conta de que teu inimigo é uma ilusão. 

Buda e o desapego

“Esvazie o  teu bote, buscador, e viajaras mais leve. Reduz a carga de desejos e opiniões, e chegarás ao Nirvana mais rápido.” 

Um homem discutiu com Buda: “Dizes que tudo é transitório e que portanto seu ser não é permanente. Porém as plantas dependem da terra para seu crescimento, e da mesma maneira uma pessoa é material e tem necessidades, sentimentos, etc. Então afirmo que esta forma material (o corpo) e tudo o  que está relacionado com ela sou eu”.
“Tens o poder, então, de modificar a  tua forma para que seja mais baixa ou mais alta?”, perguntou Buda.
“Não”, admitiu o homem. 
“Os objetos materiais, são permanentes?”
“Não”.
“É sábio então pensar que objetos transitórios como o  teu corpo te pertencem ou inclusive que tu és essa forma?”
“Não, isso sería um erro”, disse o homem. “E lamento se te falei agressivamente. Queria saber como foi que teus discípulos alcançaram teu entendimento.”
“Tendo visto todas as coisas, inclusive pensamentos e emoções, tal como são, foram capazes de dizer: ‘isto não é meu, isto não sou eu’. Assím, estão liberados de seu apego ilusório  a eles mesmos”. 

Buda e o amor
Sê amoroso, sê amável.
E segue o caminho da bondade. 

De todos os caminhos que possas pensar, nenhum tem nem a décimo-sexta parte do valor da amabilidade. A amabilidade é a liberdade do coração que abrange tudo. É luminosa, brilhante e incandescente.  

Acaba com todas as barreiras e deixa que o  teu ser se encha de amor. Deixa que o amor impregne todas as fronteiras do mundo de tal forma que o mundo inteiro, acima, abaixo e ao redor, estará embebido de amor. Deixa que seja sublime além de toda medida, de  tal maneira  que se expanda por todos os lados. 

Aquele que pratica a amabilidade dorme e acorda em paz e não  tem pesadelos. È querido por humanos e criaturas, perigo nenhum o pode atingir.  Sua mente pode concentrar-se facilmente e a sua expressão é feliz e serena. 


O Budismo e o seu desenvolvimento

O Budismo originário não deu importância à  figura de Gautama Buda, que mais tarde ocuparia um lugar prominente. Por outro lado, deu muito valor ao saber ou à iluminação. Para conseguir isso, enfatizava  a prática dos ensinamentos de Buda compreendidas nas quatro nobres verdades, que aspiram alcançar a imperturbabilidade interior e a extinção da crênça na própria individualidade. 
Buda falou a todo tipo de gente: reis e príncipes, brahmanes, fazendeiros,  homens cultos e gente comum.Os  seus ensinamentos se adaptavam às experiências, níveis de entendimento e capacidade mental da sua audiência. 
  
Buda fundou a primeira ordem monástica no mundo, chamada o Sangha. Não se baseou na fé e sim  adotou o lema “vem e experimenta tu mesmo”. Depois  de estabelecer a Ordem de monges e monjas, instituiu certas regras disciplinares chamadas Vinaya como guia da Ordem do Sangha. O resto de seus ensinamentos foram chamados Dhamma, que inclui seus discursos, sermões aos monges, monjas e leigos.

O primeiro Concílio
Cerca de três meses depois da morte de Buda se realizou o primeiro concílio,onde assistiram somente 500 membros para coletar e organizar os seus  ensinamentos.No Concílio, o ensinamento ou Dhamma foi dividido em várias partes e cada uma foi designada a um ancião e aos seus discípulos para memorizar. O Dhamma se transmitiu de mestre a discípulo oralmente e em forma diária para evitar omissões ou adições. Os historiadores concordam  que a tradição oral é mais confiável que um escrito de memória por uma pessoa, anos depois do evento.

O segundo Concílio 
Se realizou na cidade de Vaishali, por volta de cem anos depois da morte de Buda.  Discutiram-se somente assuntos pertencentes ao Vinaya (as regras da comunidade dos monges) já que após 100 anos a conjuntura socio-económica e política havia se modificado. Não foi reportada nenhuma controvérsia sobre os ensinamentos de Buda. Finalmente, um grupo de monges deixou o Concílio e formou o Mahasanghika - a Grande Comunidade.

O Terceiro Concílio 
No  terceiro século a. C., durante o tempo do rei Asoka de Sri Lanka, se convocou o Terceiro Concílio para discutir as diferenças de opinião entre os monges de diferentes seitas. Neste Concílio as diferenças não se limitaram ao Vinaya e sim  também estiveram relacionadas com o Dhamma.O ensinamento aprovado e aceito por este Concílio ficou conhecido como Theravada.
Depois deste Concílio, o filho de Asoka, Venerável Mahinda, levou os ensinamentos à Sri Lanka, junto com os comentários citados no  Terceiro Concílio. Os textos levados ao Sri Lanka foram preservados até o dia de hoje sem ter perdido nenhuma página. Foram escritos em Pali, que estava baseado na linguagem original de Buda (Magadhi). Não havia nada conhecido como Mahayana nesse tempo. 
Entre o Século I a. C. até o século  I d. C., os termos Mahayana e Hinayana aparecem na Sutra do Lótus da Boa Lei (Saddharma Pundarika Sutra). Próximo ao século II d. C., o Mahayana se tornou claramente definido. 

As principais tradicões: Theravada e Mahayana

A maioria dos estudiosos concorda  que a diferença entre ambas correntes é somente superficial. Theravada e Mahayana compartilham os mesmos ensinamentos básicos de Buda. A discrepância principal é que Theravada enfatiza a iluminação pessoal e Mahayana (o gran veículo) não somente põe o ênfase na própria iluminação, como também em servir a todos os seres de forma ativa através do alcance do nível de bodhisattva (o iluminado).
Entre os anos 900 e 1100 o budismo desapareceu na Índia quase por completo devido às invasões dos muçulmanos, que destruiram uma  grande quantidade de monastérios e universidades budistas e massacraram uma infinidade de monges. 
Porém, muito antes do seu desaparecimento na Índia, o budismo havia se extendido em diversas direções. No século III antes de nossa era, havia se convertido na religião oficial do Sri Lanka e, a partir daí, havia se extendido na direção  sul e leste, virando popular na Tailândia, Birmânia, Cambodja e Indonésia, na forma Theravada. 
A corrente Mahayana se extendeu em direção a Ásia Central, através dos Himalayas e ingressou no vasto império chinês. Daí chegou a Mongôlia, Coreia, Japão e Vietnam, e assim virou  a vertente mais extendida da tradição.
A propagação da corrente vajrayana seguiu um trajeto similar ao do mahayana. Alcançou os Himalayas, o Tíbete, China, Mongólia e Japão, apesar de que pela sua avançada forma esotérica não teve tantos adeptos como o mahayana.
Mahayana é comum na China, Coreia, Tibete e Japão. Dentro desta tradição há muitas vertentes, incluindo o budismo Ch’an (China), Zen (Japão), Tántrico (Tibete). Os seguidores do theravada seguem os ensinamentos do Canon pali e os  seguidores do mahayana tomaram os Sutras escritos em Sánscrito.

Algumas pessoas acham que Theravada é egoísta porque ensina que as pessoas devem buscar a sua própria salvação. Porém, como poderia uma pessoa egoísta alcançar a iluminação? 
O Mahayana tem criado muitos Bodhisattvas místicos, enquanto que o Theravada considera um Bodhisattva como um homem entre nós que dedica a sua vida inteira à alcançar a perfeição, chegando em última instância a ser um Buddha completamente Iluminado para o bem estar e felicidade do mundo. 
Muita gente afirma que o Mahayana conduz ao estado de Buda, enquanto  que Theravada é para o estado de Arahat. Ambas palavras diferem, porém,significam o mesmo: o estado de iluminação.
Com o passar do tempo a fé budista, através das  suas principais correntes, acabou difundida por toda a Asia. Os chineses introduziram o budismo no Japão, e desde a Índia foi difundido rumo ao Sri Lanka durante o  reinado do rei Asoka (270-232 A.C.) 
  

O Budismo no Ocidente

O Budismo começou a aparecer no Ocidente durante o século XIX. Alguns exploradores ocidentais perceberam que esta tradição tinha algo importante para oferecer, como expressa o poema de Sir Edwin Arnold, Buda é “A Luz da Ásia”. A maioria dos autores que escreveram sobre budismo o faziam com  interesse acadêmico.  Os eruditos foram atraidos pelo conhecimento analítico e racional da escola Theravada do sudeste da Ásia e lhes interessava em especial o fato de que seus ensinamentos se baseassem numa coleção de escrituras tão próximas  às palavras de Buda. Estes eruditos consideravam que o Theravada era o budismo “autêntico” e, portanto, qualificavam o Mahayana e  Vajrayana como corrupções posteriores.
Durante a primeira metade do século XX, o budismo Theravada continuou sendo a forma mais conhecida e respeitada no Ocidente. Contudo, começaram a conhecer outras tradições que chamaram muita atenção. Na segunda metade do século XX, viraram mais populares  certas escolas, como o zen japonês e o budismo tibetano (uma rica mistura de tradições Mahayana e Vajrayana, que além disso reconhece o valor dos ensinamentos preservados pelo Theravada).
Boa parte do interesse que surgiu foi puramente intelectual e ainda tem muitos budistas ocidentais “de biblioteca”. Apesar disso, existe um crescente número de praticantes budistas em diversos países de Ocidente.

Com certeza para os praticantes de todo o planeta, Buda é considerado não só como a Luz da Ásia, e sim como a Luz do mundo. A sua contribuição para a evolução espiritual da humanidade é incomensurável  e  os seus ensinamentos influiram nas vidas de milhões de pessoas Tanto a cultura asiática como a ocidental ficaram atraídas pela sabedoria, a tolerância, a igualdade e o pacifismo promovidos pelo budismo.
 
 Fonte:http://www.h2hlatino.org/articulos.php?id=68

Comentários