
Os Oito Aspectos da Iluminação
. Published
on 16 de julho de 2013.
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Os vários Budas foram
todos pessoas iluminadas. A sua iluminação possui oito aspectos importantes. A
realização destes oito aspectos é a base do Nirvana. Este foi o ensinamento
final do nosso professor original, o Buda Shakyamuni, dado na noite de sua morte.
1. Ter poucos desejos
Ter poucos desejos
significa não buscar extensivamente os objetos de desejo.
O Buda disse:
“Praticantes! Vocês deveriam saber que aqueles que querem muitas coisas buscam
tanto a fama quanto o ganho, e assim as suas aflições são muitas. Aqueles com
poucos desejos, entretanto, nada procuram e não tem anseios, e assim não
sofrem. Portanto vocês deveriam rapidamente se libertar da cobiça, tanto por
este motivo como pelo motivo de que esta liberdade dará origem a várias
virtudes. Além disso, as pessoas com poucos desejos estão livres da lisonja e
da extraviação, e também não são escravizadas pelos seus próprios sentidos.
Satisfeitos com pouco, eles não possuem preocupações ou medos, estando assim
sempre calmos. Aqueles que tem poucos desejos tem o Nirvana.”
2. Satisfação
Satisfação significa
estar contente com o que quer que se tenha.
O Buda disse:
“Praticantes! Se vocês desejam se libertar do sofrimento vocês deveriam
observar a satisfação. Estar satisfeito é ter um estado mental pacífico e
feliz. Uma pessoa satisfeita é feliz mesmo que tenha que dormir no chão,
enquanto que uma pessoa insatisfeita é infeliz mesmo vivendo em um palácio. A
primeira é rica mesmo que seja pobre, a segunda é pobre ainda que seja rica. A
pessoa satisfeita sente compaixão pela insatisfeita, pois esta é continuamente
levada pelos cinco desejos[1].”
3. Apreciar a quietude
Isso significa viver
uma vida solitária, separada de todas as perturbações mundanas.
O Buda
disse: “Praticantes! Se vocês desejam desfrutar o silêncio e a felicidade do
Nirvana, vocês deveriam deixar o clamor para trás e viver sem barulho em um
local solitário. As pessoas que vivem em lugares quietos são respeitadas pelos
deuses. Por isso vocês deveriam abandonar o seu apego ao ‘eu’ e aos ‘outros’ e
viverem sozinhos, dessa maneira eliminando a raiz do sofrimento. Aqueles que
gostam de multidões são perturbados por elas e sofrerão os seus aborrecimentos,
da mesma forma em que uma árvore seca e quebra quando muito pássaros pousam
sobre ela. Laços e apegos mundanos lhes afundam em um mar de dores, como um
velho elefante atolado no lamaçal.”
4. Diligência
Cultivar virtudes sem
interrupção é chamado diligência, pura e genuína, avançando sem olhar para
trás.
O Buda disse:
“Praticantes! Se vocês forem diligentes em seus esforços, nada será difícil. É
como mesmo um pequeno fio d’água ser capaz de perfurar uma rocha se
continuamente cai sobre ela. Entretanto, se vocês forem negligentes em sua
prática e se suas mentes constantemente desanimarem, isso será como friccionar
pauzinhos para produzir fogo mas parar antes que eles fiquem quentes – pode
algum bom resultado ser esperado disso?”
5. Plena Atenção
Conservar os
ensinamentos sem esquecimento é chamado de plena atenção, e também de
“lembrança perseverante”.
O Buda disse:
“Praticantes! Se vocês procuram um bom mestre e protetor, nada se compara à
plena atenção. Aqueles que mantêm a plena atenção não são invadidos pelas
aflições e permanecem livres de várias ilusões. Portanto, vocês deveriam se
manter plenamente atentos, pois aqueles que perdem a plena atenção perdem as
virtudes e seus méritos. Se vocês mantiverem a plena atenção, permanecerão
ilesos mesmo quando cercados pelos desejos.”
6. Meditação
Meditação significa
permanecer no Darma sem distração, com uma mente imperturbável.
O Buda disse:
“Praticantes! Se vocês concentrarem a mente ela entrará em um estado de
estabilidade, e assim vocês poderão compreender as características dos
fenômenos surgindo e desaparecendo no mundo. Fazendo isso suas mentes permanecerão
imperturbáveis. Assim como aqueles que querem evitar inundações constroem uma
barragem, assim também o praticante cultiva a meditação para evitar que a água
da sabedoria se perca.”
7. Sabedoria
Desenvolvendo a
aprendizagem, aplicação e compreensão, a realização é a sabedoria.
O Buda disse:
“Praticantes! Se vocês tiverem sabedoria, vocês não se apegarão aos desejos.
Vocês devem examinar a si mesmos continuamente, sem permitir nenhum descuido,
pois este é o caminho da iluminação. Aqueles que não praticarem isto não são
monges nem leigos – não há como se referir a eles. A verdadeira sabedoria é
como barco seguro para atravessar o oceano da doença, velhice e morte; como uma
tocha luminosa na escuridão da ignorância; como um bom remédio para todas as
doenças; e como um machado afiado para cortar a árvore das ilusões. A sabedoria
resultante do ouvir, refletir e praticar o Darma pode assim ser usada para
aumentar o seu mérito no Caminho. Se alguém chegar a possuir a luz da
sabedoria, poderá ver a Verdade com os seus próprios olhos.”
8. Abster-se das conversas vãs
Abster-se das
conversas vãs significa desapegar-se da discriminação arbitrária; quando nós
compreendemos a realidade plenamente, nós não mais nos envolvemos em conversas
fúteis.
O Buda disse:
“Praticantes! Se vocês se entregarem a diversos tipos de conversas fúteis, sua
mente será perturbada. Daí, mesmo se vocês se tornarem monges, não alcançarão a
iluminação. Por isso, vocês devem imediatamente abandonar esse tipo de
conversas. Apenas aqueles que fazem isso podem experimentar a tranqüilidade e
bem-aventurança do Nirvana.”
Estes
são, então, os oito aspectos da iluminação. Cada um deles contêm os outros
oito, então são sessenta e quatro. Falando de forma mais ampla, se você os
desdobrar, eles se tornam infinitos; se os resumir, são sessenta e quatro. Este
foi o último ensinamento do nosso grande mestre Buda Shakyamuni, a essência do
Mahayana, pronunciado por volta da meia-noite do dia 15 de fevereiro. Daí em
diante ele permaneceu em silêncio até a sua morte.
O Buda disse, concluindo: “Praticantes! Sempre busquem com todo o coração pelo Caminho da Libertação, já que todas as coisas no mundo, móveis e imóveis, são formas instáveis sujeitas à morte. Parem agora e não falem mais. O tempo está acabando e eu vou atravessar para a extinção. Este é o meu último ensinamento.”
O Buda disse, concluindo: “Praticantes! Sempre busquem com todo o coração pelo Caminho da Libertação, já que todas as coisas no mundo, móveis e imóveis, são formas instáveis sujeitas à morte. Parem agora e não falem mais. O tempo está acabando e eu vou atravessar para a extinção. Este é o meu último ensinamento.”
Portanto, os
discípulos do Buda definitivamente devem estudar esses princípios. Aqueles que
não estudam e praticam esses ensinamentos não são discípulos do Buda. Esses
ensinamentos são Tesouro do Olho do Darma Verdadeiro, o coração do Nirvana.
Apesar disso, entretanto, existem hoje muitos que ignoram estes ensinamentos, e
poucos que estão consciente deles. Aqueles que não entraram em contato com
esses ensinamentos estão nessa situação devido à influencia de demônios e
também devido à falta de ações virtuosas no passado.
Antigamente, nos
períodos do verdadeiro Darma e da imitação do Darma, todos os Budistas
conheciam e praticavam estes oito aspectos. Hoje em dia, entretanto, é difícil
encontrar um ou dois entre mil monges que conheça estes ensinamentos. Que pena
– a decadência desta nossa era degenerada é mesmo inimaginável. Devemos nos
apressar para apreender e praticar esses ensinamentos já que ainda é possível
encontrá-los. Não sejam negligentes!
É difícil encontrar os
ensinamentos do Buda mesmo em incontáveis éons[2]. É igualmente difícil nascer
como um ser humano. Nós não só tivemos a sorte de nascer como seres humanos,
como também a sorte de nascer em um local onde é possível ouvir os ensinamentos
do Buda. Aqueles que morreram antes do Buda também não ouviram esses
ensinamentos. Graças ao poder das nossas ações virtuosas no passado,
entretanto, nós podemos ouvi-los e estudá-los. Agora, nós devemos estudar e
desenvolver estes oito aspectos vida após vida, e assim certamente alcançaremos
a insuperável iluminação. Se, além disso, nós os expusermos a todos os seres
senscientes, então nós mesmos não seremos diferentes do Buda Shakyamuni.
(Escrito em Eiheiji,
em 6 de janeiro de 1253)
[1] Segundo a doutrina
budista clássica, os Cinco Desejos são: comida e bebida; sono; sexo; riquezas e
bens; fama. (N.T.)
[2] Éons
são períodos incontavelmente longos de tempo, durando milhões e milhões de
anos. (N.T.)
Tradução para o
Português de Giovanni Dienstmann
tradução adaptada baseada na tradução para o inglês de Thomas Cleary e de Yuho Yokai, em fevereiro de 2004
tradução adaptada baseada na tradução para o inglês de Thomas Cleary e de Yuho Yokai, em fevereiro de 2004
Veja também
Se você está começando
no caminho no budista, acesse:
[button link=”http://sobrebudismo.com.br/introducao-ao-budismo-2/” color=”green” size=”xsmall”]Introdução ao Budismo[/button]
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Se você é um
praticante avançado, acesse:
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Para saber mais sobre
meditação, acesse:
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Fonte: http://sobrebudismo.com.br/os-oito-aspectos-da-iluminacao/
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